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Características principais

Nome do álbum
Os ídolos do Rádio 11
Companhia produtora
Collector's Editora Ltda.
Formato
Físico
Tipo de álbum
Vinil
Incluí faixas adicionais
Não
Ano de lançamento
1988

Outras características

  • Quantidade de canções: 12

  • Origem: Brasil

Descrição

OS ÍDOLOS DO RÁDIO VOL. XI - DIRCINHA BATISTA

Dircinha Batista foi a primeira Rainha do Rádio, entronizada em 1948. Poderia não ter tido sucessoras: o título nada perderia em representatividade, pois provavelmente nenhuma outra cantora brasileira foi tão do rádio quanto ela. Ainda não tinha 10 anos (nasceu a 07 de abril de 1922, em São Paulo) quando, em 1931, pela mão de outra majestade – Francisco Alves, o Rei da Voz – começou a construir o seu reinado, na Rádio Vera Cruz, então Cajuti. Durante mais de 40 anos, período em que fez o circuito completo das principais emissoras do país, jamais deixou de figurar no primeiríssimo plano da radiofonia, onde sempre foi um dos maiores “cartazes”, como se dizia em tempos musicalmente melhores. Foi menina-prodígio: aos seis anos já cantava em palco de teatros, aos nove já havia gravado dois discos (um deles com duas canções de Cândido das Neves, o Índio, um dos grandes compositores da fase que muitos estudiosos consideram a de ouro da nossa música popular) e aos 13 estreou no cinema. Talvez com exceção de Marlene, não haja, entre as nossas, cantora que tanto mereça a qualificação de versátil: à vontade em todos os gêneros musicais, diversificou-se nas atividades artísticas como atriz, radioatriz e excelente apresentadora de TV. Mas o que interessa aqui é a cantora, um dia chamada de a força revolucionária da música popular brasileira. Foi campeoníssima no carnaval, com páginas memoráveis, como Piriquitinho Verde (Nássara e Sá Roris, 1938), Tirolesa (Paulo Barbosa e Oswaldo Santiago, 1939), Meu Trolinho (Ary Barroso, 1940), A Coroa do Rei (Haroldo Lobo e David Nasser, 1950), e tantas outras. A voz alegre e desatada da explosão carnavalesca, correspondia a suavidade de uma insuperável cantora de meio-de-ano, consumada com esmero sobretudo nos samba-canção: Nunca, de Lupicínio Rodrigues e Alguém Como Tu, de José Maria de Abreu e Jair Amorim, são dois magníficos exemplos. Havia ainda a intérprete das canções internacionais, cantadas com apuro e preciosismo em suas línguas originais.

Dircinha Batista é sinônimo de classe. É essa palavra que a resume, uma soma de timbre agradável, dicção perfeita, volume preciso, emissão bem colocada, sentimento e dignidade.

MÃE MARIA (Custódio Mesquita e David Nasser)
Este samba é de 1943, composto menos de dois anos antes da morte (13 de março de 1945) do autor da melodia, o pianista, chefe de orquestra e ator Custódio Mesquita. É um dos melhores produtos de sua parceria com o jornalista David Nasser, que tem outro grande momento no samba Algodão, gravado por Silvio Caldas. O registro aqui apresentado foi colhido do programa Viva o Samba, da Rádio Tupi, audição de 02 de agosto de 1950. O maestro Carioca, Ivã Paula da Silva, arranjador e compositor, autor do célebre prefixo do Repórter Esso, rege a orquestra. Dircinha Batista canta com total naturalidade, esbanjando afinação e delicadeza.

SALVE OGUM (Pernambuco e Mario Rossi)
Gravação feita na Rádio Tupi, programa Viva o Samba de 13 de setembro de 1950, com a orquestra de Carioca. O jongo é um gênero remanescente, hoje só cultivado em algumas áreas rurais e raríssimos espaços urbanos, como no morro, carioca da Serrinha, berço da Escola de Samba Império Serrano. Aqui, ele é mostrado de forma estilizada, praticamente apenas citado. Dircinha faz uma recriação da peça, que já havia gravado antes.

NÃO SE APRENDE NA ESCOLA (Haroldo Barbosa)
Este samba de Haroldo Barbosa, produtor de alguns dos melhores programas do rádio brasileiro, humorista, locutor, comentarista de turfe, homem de muitas atividades, em todas bem-sucedido, foi lançado por Aracy de Almeida, no início de 1950. No mesmo ano, no dia 4 de outubro, com acompanhamento da orquestra de Carioca, Dircinha cantou-o no programa Viva o Samba, ao lado do conjunto vocal Garotos da Lua. Notem-se a graça e a malemolência (assim se dizia na época) com as quais a cantora se põe em consonância com o conteúdo jocoso da música. Os Garotos da Lua já praticam aí as dissonâncias das quais a bossa nova alguns anos mais tarde abusaria.

UM AMOR DE AMIGUINHA (Haroldo Barbosa e Lúcio Alves)
Um samba-choro, cheio de ironia madrasta da vida, narrada contudo com o humor que marca toda a obra de Haroldo Barbosa. Dircinha, que já gravara a música, repete-a na Rádio Tupi, dia 25 de outubro de 1950, com respaldo eficiente da orquestra de Carioca. O tom da interpretação é de exata coerência com o espírito da composição. E esse era um dos predicados mais evidentes em Dircinha Batista: dava à música exatamente o que esta pedia.

BATUQUE NO MORRO (Russo do Pandeiro e Sá Roris)
Dircinha, aqui, presta uma homenagem à sua irmã Linda, responsável pela gravação original deste samba assinado por dois grandes nomes da música popular brasileira. Batuque no Morro é de 1951, quando Russo - notável pandeirista falecido há pouco no Rio em quase completo esquecimento - já dera a volta ao mundo como ritmista da estrela internacional Josephine Baker e se apresentava no Cassino da Urca, onde Linda Batista brilhava. Dircinha registrou o samba na Rádio Tupi, em 20 de setembro de 1950, com a orquestra de Carioca. Canta à maneira da irmã, com um pouco mais de expansividade.

QUANDO O SAMBA ACABOU (Noel Rosa)
Este samba de Noel é da safra de 1933. Muito apreciada na interpretação de Mário Reis, ganhou esta versão de Dircinha no mesmo programa de 20 de dezembro de 1952, ainda com a orquestra de Carioca. É uma tragédia dos morros cariocas, criada pela sensibilidade do grande compositor, inteiramente correspondida pelo canto suave, aqui quase contrito, de Dircinha.

BRASIL MORENO (Ary Barroso)
As clarinadas da abertura do arranjo de Carioca anunciam mais um samba exaltação do mestre emérito no gênero. Este é de 1942. Dircinha o incorpora ao repertório 10 anos depois, no dia 12 de março de 1952, na Rádio Tupi. Interpretação aberta, larga, completamente pra cima, em total acordo com o figurino da composição. Tal como o autor, a cantora também foi um expoente desse tipo de samba.

SABIÁ (J. B. da Silva “Sinhô”)
Dircinha e a orquestra de Carioca dão um passo atrás, no tempo – a música aqui apresentada de Sinhô é de 1928, quando o samba mal deixara de ser maxixe – e empreendem uma reconstituição de época, com os malabarismos da flauta pontuando a brejeirice (estudada, mas com muito de espontâneo) da intérprete. Uma faixa para deixar muitas saudades: linha melódica de músicas como esta parece definitivamente perdida. Sabiá foi cantada por Dircinha no programa Viva o Samba de 26 de março de 1952.

JOÃOZINHO BOA PINTA (Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques)
Dircinha faz dueto – uma prática tão constante na música dos anos 20, 30 e 40, depois inexplicavelmente desprezada – com o esplêndido cantor Lúcio Alvez. Autêntico casal 20. O samba é dos melhores da veia irreverente de Haroldo Barbosa, pleno de picardia. Foi apresentado no Viva o samba de 2 de abril de 1952, sempre com acompanhamento da orquestra de Carioca. Tem várias gravações posteriores, inclusive do próprio Lúcio Alvez, mas cremos que nunca mais foi dito com sua letra completa, o que valoriza ainda mais o registro aqui apresentado.

MEU BRASIL (Roberto Inglês – Carlinhos Araújo)
Faixa gravada no programa Cesar de Alencar, na Rádio Nacional no espetáculo de despedida do pianista Roberto Inglês, que não era (ou não é) inglês, mas escocês. Ele conquistou grande popularidade no Brasil, ao gravar, em Londres, acompanhando Dalva de Oliveira, uma dezena e meia de músicas brasileiras. Veio ao Brasil em 1952, formou uma orquestra com músicos brasileiros e apresentou-se em muitos programas nas rádios Mayrink Veiga e Nacional. No final da temporada, escoltou Dircinha Batista nesse samba-agradecimento, dele e de seu empresário Carlinhos Araújo. Destaca-se no acompanhamento o piano de som denso do maestro britânico, um dos segredos, por inusitado, de seu sucesso brasileiro.

SENHORA (Orestes Santos – Lourival Faissal)
Um bolero, versão do radialista e compositor Lourival Faissal e “o grande sucesso do momento”, como diz Paulo Gracindo, o locutor do programa Noite de Estrelas, da Rádio Nacional, em 30 de agosto de 1952. Quase todos os boleros faziam sucesso na época. Senhora foi dos que mais o fizeram, gravado por Dircinha e também pelo cantor cearense Gilberto Milfont. O registro aqui apresentado, com a mesma perfeição da gravação comercializada em disco, tem acompanhamento da orquestra do maestro Chiquinho.

POT-POURRI Nº3
Triana (Padilla e Rey)
Ai Mouraria (Frederico Valério e Amadeu do Vale)
The Man I Love (George e Ira Gershwin)
Est ce ma faute? (Varel e Bailly)
Policromia Brasileira (Pernambuco)

Mesmo programa Noite de Estrelas de 30 de agosto de 1952. Dircinha mostra seu cosmopolitismo. Era necessário, num momento em que tinha muito êxito por aqui as cantoras que exibiam como cartão de visita sua condição poliglota, como a alemã Caterina Valente e a norte-americana Eydie Gorme. Diricinha passeia pela cores de quatro idiomas diferentes e encerra o périplo com a policromia nacional.

Moacyr Andrade (setembro/1988)

FICHA TÉCNICA
Produção Fonográfica: Collector’s Editora Ltda.
Produção Artística: Ricardo Manzo
Produção Executiva: Collector’s Editora Ltda.
Arquivo Fonográfico: Collector’s Editora Ltda.
Reprocessamento e equalização: Jackson Paulino
Montagem: João Ricardo
Estúdio: Master Studios Ltda.
Corte e prensagem: Discos CBS Indústria e Comércio Ltda.
Layout e Arte final: Sérgio Henriques