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Características principais

Nome do álbum
Os ídolos do Rádio 20
Companhia produtora
Collector's Editora Ltda.
Formato
Físico
Tipo de álbum
Vinil
Incluí faixas adicionais
Não
Ano de lançamento
1989

Outras características

  • Quantidade de canções: 12

  • Origem: Brasil

Descrição

OS ÍDOLOS DO RÁDIO VOL. XX - ALMIRANTE

Gravadora: Collector's
Catálogo: CIR020
Ano: 1989
Artista: Almirante

APRESENTAÇÃO:

Como se poderá ver pelos dizeres da apresentação deste disco, Almirante foi uma figura sem igual no cenário radiofônico e musical brasileiros. Neste LP focalizamos apenas um aspecto de sua maravilhosa contribuição cultural à nossa música: as canções do carnaval antigo. Em alguns fonogramas o próprio Almirante ilustra as músicas com informações preciosas e por isso julgamos conveniente não suprimir estas informações. Em outras ele apenas canta a música. Todas elas pertencem a carnavais anteriores a 1930. Não estão apresentadas na ordem cronológica, mas nos comentários sobre cada uma delas informamos todos os dados importantes para a sua localização no tempo. A primeira edição do livro de Edgar de Alencar “O Carnaval Carioca Através da Música”, aliás comemorativo do quarto centenário de fundação da cidade do Rio de Janeiro, é dedicada a Almirante com as seguintes palavras: “ À Almirante (Henrique Foreis) musicólogo apaixonado a quem tanto deve a música popular brasileira e a quem mais deve ainda este livro, gratidão e estimo do autor”. No prefácio do livro, Edgar conta que convidou Almirante para participar da obra e que não sendo possível, conseguiu do grande pesquisador permissão para consultar seu famoso arquivo, desde 1965 incorporado ao acervo do Museu da Imagem e do Som. Como cantor, Almirante marcou sua presença em vários carnavais com sucessos até hoje lembrados: O Orvalho Vem Caindo, Marchinha do Grande Galo, Yes Nós Temos Bananas, Touradas em Madrid, Arca de Noé, Deixa a Lua Sossegada, Moreninha da Praia, Trem Blindado, A Maior Descoberta e muitas outras já mencionadas na apresentação que aparece na capa do disco. A Collector’s já apresenta em sua coleção Assim Era o Rádio, vários exemplos de programas escritos, produzidos e apresentados pelo grande radialista e não poderia omitir sua presença, como cantor, na coleção Os Ídolos do Rádio, o que faz agora com grande orgulho. ~ José Maria Campos Manzo (setembro/89)

FAIXAS

A1) NO BICO DA CHALEIRA
Sucesso do carnaval de 1909. Apesar de Almirante falar no assunto e o próprio Edgar repeti-lo, não encontramos na partitura da música existente na Biblioteca Nacional a segunda parte aqui cantada. Lá só está o estribilho: "Iaiá me deixa subir esta ladeira, eu sou do grupo do pega na chaleira, eu sou do grupo do pega na chaleira". É realmente para nós, um mistério da segunda parte da música atribuída ao maestro Costa Junior cujo pseudônimo é reconhecido como Juca Storoni. Por outro lado, há uma gravação dos Geraldos, com o mesmo nome e a mesma música, porém com outra letra atribuída a Eustórgio Wanderley, gravada pela Casa Edison sob o número 108.341, e cujo exemplar possuímos em nossa discoteca. A origem do nome da música é explicada por Almirante na própria faixa do disco.

A2) TATU SUBIU NO PAU / PAI ADÃO / POIS NÃO
Cada uma destas músicas tem uma data diferente, ou seja, pertence a um carnaval diferente: Tatu subiu no pau é do carnaval de 1923 e foi gravada por Bahiano em disco Casa Edison número 122.333. Pai Adão é do carnaval de 1924 e foi gravada também por Bahiano (Casa Edison número 122.660) e finalmente Pois não, a mais antiga, é do carnaval de 1921 com interpretação de Bahiano (Casa Edison número 121.998). As três foram sucesso nos seus respectivos anos e a explicação dada por Almirante no início da faixa dá bem uma idéia da importância de Eduardo Souto na música popular brasileira. Para os que não se recordam, Eduardo Souto é o autor da famosa música O despertar da montanha que recebeu uma letra de Francisco Pimentel e foi gravada com letra, pela primeira vez, por Silvio Caldas (Continental 28.000), em 1946 depois de muitas gravações só instrumental.

3) BRAÇO DE CERA / PINIÃO
Braço de cera é do carnaval de 1927 e foi gravada pelo tenor Frederico Rocha em disco Odeon número 123.224, ainda no tempo da gravação mecânica. Já Pinião foi gravada pelos Turunas da Mauricéia em disco Odeon número 10.067 já em gravação elétrica e foi sucesso no carnaval de 1928.Braço de Cera fora lançado em outubro do ano anterior na Festa da Penha, que foi por muito tempo o campo experimental das músicas de muitos compositores para o carnaval do ano seguinte. Pinião é uma embolada e não se destinava ao carnaval. Sua repetição insistente em um alto-falante colocado em um edifício fronteiro à Galeria Cruzeiro fez com que o povo aprendesse a letra e transformasse a música num grande êxito do carnaval de 1928.

A4) OS PASSARINHOS DA CARIOCA
A música foi sucesso no carnaval de 1925. Careca - o pseudônimo de Luiz Nunes Sampaio procura glosar, como diz Edigar de Alencar, as traquinadas dos pardais do Largo da Carioca que não se limitavam a cantar. Estragavam roupas e cabeças dos transeuntes com as suas irreverências incontidas. No texto apresentado por Edigar de Alencar em seu livro, o tra-la-lá que Almirante canta quer dizer sujou mas na música gravada por Fernando (Casa Edison número 122.842) a palavra é cuspiu para rimar com fugiu.

A5) AI, EU QUERIA
A música é do carnaval de 1928 e foi gravada por Francisco Alves (Odeon número 10.122) e lançada em fevereiro daquele ano. O nome completo de Vidraça era Augusto de Amaral e o de Pixinguinha era, como todos sabem, Alfredo da Rocha Viana. A inspiração nasceu do sucesso carnavalesco do ano anterior: Cristo nasceu na Bahia, de autoria de Sebastião Cirino e Duque, gravado por Arthur de Castro em disco Odeon 123.124.

A6) PELO TELEFONE
Este é o famoso sucesso do Carnaval de 1917, considerado o primeiro samba gravado e que tanta celeuma causou na época. A gravação original é do Bahiano em disco Casa Edison número 121.322. Hoje é muito falado, mas quando Almirante trouxe à baila o famoso samba (o fonograma aqui apresentado é do programa Viva o samba do dia 02.04.52) só uma outra gravação, realizada pelo Conjunto Regional de Donga com canto de José Gonçalves em 1938 foi editada pela Odeon sob o número 11.661. José Gonçalves, para os que não se lembram, é o conhecido Zé da Zilda de tantos sucessos carnavalescos.

B1) JÁ TE DIGO
Como Almirante mesmo fala no início da música esta talvez seja parte da primeira polêmica musical da MPB. Depois que Pixinguinha respondeu o Quem são eles com o Já te digo, Sinhô compôs o Pé de anjo para fustigar o China, irmão de Pixinguinha, que tinha um pé muito grande. Quem são eles foi sucesso no carnaval de 1918 (gravação do Bahiano número 121.445 - Casa Edison); Já te digo foi sucesso no carnaval de 1919 (gravação também de Bahiano - Casa Edison número 121.535) e Pé de anjo sucesso do carnaval de 1920 (gravação de Francisco Alves - Popular número 1.008).

B2) PÉ DE ANJO
Primeiro disco gravado por Francisco Alves na Popular, uma gravadora surgida em 1919, pertencente a João Gonzaga, filho de Chiquinha Gonzaga. Do outro lado do disco, com o número 1.009 aparece a música Papagaio Louro, também chamada de Fala meu louro. No disco, o locutor diz textualmente: "O pé de anjo - marcha carnavalesca por Francisco Alves, disco Popular, Rio de Janeiro" e "Papagaio louro - cantada por Francisco Alves - executada pelo Bloco dos Africanos, disco Popular, Rio de Janeiro.

B3) LA MATTCHITCHE
Sobre esta música, além do que o próprio Almirante menciona no início da faixa, temos a acrescentar a seguinte informação extraída do livro de Edigar de Alencar o Carnaval Carioca Através da Música: "Em fins de 1906, isto é, a 18 de outubro, os jornais noticiavam o maior crime do ano. Os irmãos Carluccio e Paulinho Fuoco foram assassinados com requintes de maldade pelos bandidos italianos Rocca e Carleto. O carnaval de 1907 não deixaria passar sem glosa o sinistro acontecimento. E aproveitava a melodia, já popularizada, do famoso passo-doble francês La Mattchitche, de Borel Clerc, grande sucesso de 1905 em Paris, com a seguinte quadrinha: "Mandei fazer um terno de jaquetão, pra ver Carleto e Rocca na detenção. Mandei fazer um terno de jaquetinha, pra ver Carleto e Rocca na carrocinha".

B4) BA...BE...BI...
Esta música foi sucesso no carnaval de 1920 e foi gravada por Bahiano em disco da Casa Edison número 121.722. Acabou recebendo o nome de B-A-BA do Careca que era o apelido de Luiz Nunes Sampaio em virtude de sua alentada calva. Almirante apresentou-a pela primeira vez no programa Viva o samba, de Haroldo Barbosa, irradiado no dia 04.10.50 pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro quando o tema focalizado era "O samba na escola".

B5) MORRO DE MANGUEIRA
O sucesso é do carnaval de 1926 e foi gravado por Pedro Celestino, irmão de Vicente Celestino, em disco Odeon número 123.029, ainda no tempo da gravação mecânica. Este samba, segundo Edigar de Alencar, é "o primeiro a focalizar o morro de Mangueira, posteriormente utilizado como pedra de toque de dezenas de sambistas. Também fixou a figura de Claudionor, o estivador, que logo se integraria na música popular do Rio como uma das figuras mais características e humanas".

B6) VEM CÁ MULATA
Este sucesso pertence, neste conjunto, ao carnaval mais antigo: 1906. Traz a denominação de tango-chula e tem a letra de um literato da época: Bastos Tigre. Segundo Edigar de Alencar a música nasceu antes, em 1902, mas só chegou ao seu clímax de sucesso no carnaval de 1906. A música é dedicada ao Club dos Democráticos e foi gravada por Pepa Delgado e Mário Pinheiro em disco da Casa Edison número 40.407. A discografia brasileira em 78 rpm organizada por Alcino Santos, Gracio Barbalho, Jairo Severiano e M.A. de Azevedo (Nirez) fala em sete gravações da música mas a primeira é a mencionada.

OBSERVAÇÕES PÚBLICAS:
Gravações recuperadas de acetato radiofônico, realizadas ao vivo em programas de rádio e inéditas em disco.