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Características principais

Nome do álbum
Os Ídolos do Rádio 3
Companhia produtora
Collector's Editora Ltda.
Formato
Físico
Tipo de álbum
Vinil
Incluí faixas adicionais
Não
Ano de lançamento
1986

Outras características

  • Quantidade de canções: 12

  • Origem: Brasil

Descrição

OS ÍDOLOS DO RÁDIO VOL. III – SÍLVIO CALDAS

Se a expressão “caboclinho querido” aplicada a Silvio Caldas é apenas afetuosa, além de etimologicamente errada (caboclo é igual a branco + índio) não podia ser mais honroso o título, a ele conferido, de estar entre os Quatro Grandes, o que o coloca ao lado de Francisco Alves, Orlando Silva e Carlos Galhardo, como um dos quatro maiores cantores populares brasileiros de todos os tempos. É, ainda, de ressaltar-se que enquanto Chico e Galhardo seguiam uma linha mais “européia”, Silvio e Orlando, filhos de músicos (Silvio de pianista e Orlando de violonista), criados em meio de chorões, respectivamente em São Cristóvão, da Zona Norte e em Engenho de Dentro, subúrbio do Rio de Janeiro, consagraram o que poderia ser considerado a escola brasileira de canto em que predominam a espontaneidade e a improvisação.

Esta álbum, constituído somente de fonogramas inéditos recolhidos de programas de rádio, levados ao ar em 1951 e 1952, revela Silvio em uma de suas melhores fases. Estava, então, com 42/43 anos e todos os seus dotes vocais atingiam um amadurecimento e um refinamento deslumbrantes.

Enquanto os grandes órgãos culturais do país – federais, estaduais, municipais – e as gravadoras multinacionais, continuam na modorra, no “dolce far niente”, a Collector’s prossegue na tarefa muito séria de resgatar a nossa memória musical.

DONA DA MINHA VONTADE (Francisco Alves – Orestes Barbosa)
Francisco Alves gravou-a, na Odeon, no dia 25 de julho de 1933 e o disco foi lançado logo depois, pois integra o suplemento de agosto, do mesmo ano, daquela gravadora. Chico estava, então, com 35 anos, idade que completou no dia 19 de agosto. Silvio Caldas inclui essa obra-prima da nossa canção popular no programa que apresentou em 1951. Tinha, então, 43 anos. Fez uma modificação no poema de Orestes, substituindo o verso “do que eu não posso dizer” por “do pranto do meu viver”. É desse programa o fonograma que aqui apresentamos, em que o piano inicial, o arranjo e a regência da orquestra devem ser creditados a Radamés Gnatalli. Silvio gravaria em 1957 esta valsa para o LP Serenata lançado pela Columbia naquele ano.

LUAR DE PAQUETÁ (Freire Junior – Hermes Fontes)
Faziam juntos um passeio de bote pela Baia de Guanabara, em um dia de 1922, o compositor Freire Junior e seu amigo, o poeta Hermes Fontes quando o primeiro sugeriu a este que fizessem ambos uma música dedicada à paradisíaca ilha de Paquetá. Dias depois, Hermes levava-lhe os versos imortais de Luar de Paquetá que Freire Junior vestiu com música não menos fascinante. Ao famoso cantor baiano (Manoel Pedro dos Santos), então já um respeitável senhor de 52 anos, foi entregue a glória de realizar a gravação “princeps”, feita na Casa Edison nesse mesmo ano. De lá para cá, esse tango-fado foi exaustivamente interpretado. Os versos longos obrigavam geralmente ao corte de algumas estrofes. Nesta versão, Silvio Caldas canta os versos completos do poema de Hermes.

FEITIÇO DA VILA (Noel Rosa – Vadico)
O samba Feitiço da Vila que tornou nacionalmente conhecido o bairro carioca de Vila Isabel, foi levado ao disco por João Petra de Barros no ano de 1934. Embora tenhamos hoje essa composição na conta de um clássico absoluto da nossa música popular, ela somente tornaria a ser gravada 12 anos depois, isto é, em 1946, pelo conjunto vocal Namorados da Lua. Em 1949, foi realizada por Severino Araújo e sua orquestra a primeira gravação orquestral de Feitiço da Vila. Em fim de 1950, a música teve sua gravação definitiva a cargo de uma das duas maiores intérpretes de Noel: Araci de Almeida (a outra é Marília Batista). Se Silvio Caldas a tivesse gravado em 1951 quando a interpretou em rádio, essa iria ser, cronologicamente, a quarta gravação de Feitiço da Vila. Silvio, porém, só o fez em 1960 para o álbum da Columbia chamado Silvio Caldas em Pessoa.

MEU COMPANHEIRO (Francisco Alves – Orestes Barbosa)
No dia 28 de setembro de 1932, Francisco Alves compareceu aos estúdios da Odeon e – ele que já prestara uma comovida homenagem ao seu companheiro dileto com A voz do violão – evidenciara, mais uma vez, o reconhecimento a esse amigo querido, com nova composição, também dele, mas desta vez com versos de Orestes Barbosa. Silvio Caldas recordou esta canção em 1951, cantando-a em arranjo e com orquestra regida por Radamés Gnattali. É este o fonograma, em que os violões em destaque são os de José Meneses e do Bola Sete.

ROMANCE DE CAYMMI (pot-pourri de músicas de Dorival Caymmi: Nunca Mais, A Jangada Voltou Só, João Valentão, O Que é Que a baiana Tem?, A preta do Acarajé, Marina e Dora).

Em 1968, no LP O Grande Seresteiro, da CBS, Silvio Caldas gravou, pela primeira vez em sua carreira, Dorival Caymmi: um pot-pourri reunindo sete peças do mestre baiano, e em que cantava acompanhado apenas por cordas. Acontece que esse mesmo buquê musical (apenas com a ordem O que é que a baiana tem? / A preta do Acarajé invertida) Silvio já oferecera aos ouvintes que sintonizavam o seu programa de estréia na Rádio Nacional em 1951. Só que, então, o acompanhamento foi bem mais sofisticado. Era a grande orquestra da emissora seguindo um arranjo e a regência de Radamés Gnattali. Esta deve ser uma das primeiras apresentações deste famoso pot-pourri de Caymmi.

POR TEU AMOR (Francisco Alves – Orestes Barbosa)
Esta belíssima valsa de Francisco Alves, versos de Orestes Barbosa, foi criada pelo Rei da Voz em 1934. A gravação foi feita a 13 de março daquele ano e o disco foi lançado quase imediatamente, sendo incluído no suplemento de abril daquele ano. Neste LP, Silvio Caldas canta Por teu amor acompanhado por Radamés Gnattali e orquestra, em gravação feita em 1951.

A ÚLTIMA ESTROFE (Cândido das Neves)
Vicente Celestino “proprietário” do repertório de Cândido das Neves, cochilou e Orlando Silva aproveitou, apossando-se de duas das mais belas canções de Cândido para compor seu segundo disco na Victor: A última estrofe e Lágrimas. Nenhum outro cantor da época, ao que se saiba, ousou cantar A última estrofe depois de Orlando. Mas Silvio teve a coragem de fazê-lo em 1952 – e de forma esplendorosa – em que é acompanhado pela orquestra da Radio Tupi sob a regência de Milton Calazans e segundo um arranjo especial daquele famoso maestro.

SAUDADE DO PASSADO (Francisco Alves – David Nasser)
Este samba, música de Francisco Alves, letra de David Nasser, foi gravado por Chico no dia 29 de janeiro de 1951, acompanhado apenas por regional. O caboclinho querido interpretou-o nesse mesmo ano, no rádio, com um requintado acompanhamento de orquestra e do piano de Radamés Gnattali, em arranjo também do maestro gaúcho. A voz do Silvio Caldas, era, então, um verdadeiro cristal cintilando.

A PEQUENINA CRUZ DO TEU ROSÁRIO (Fernando da Costa Weyne – Roberto Xavier de Castro)
O vate cearense Fernando Weyne escreveu, em 1905, um poema a que intitulou Loucuras. Um companheiro da mesma província, Roberto Xavier de Castro, nele colocou música tempos mais tarde, reintitulando-o A pequenina cruz do teu rosário. Em 1913, o cantor e compositor paulista Roque Ricciardi, que se iria celebrizar como Paraguassu, conhece esses versos e melodia e, deturpando-os bastante, grava A pequenina cruz do teu rosário em 1926, em disco Odeon 122.936. No início de 1947, Carlos Galhardo regravou, com sucesso, a célebre canção cearense em disco Victor. Silvio Caldas incluiu a composição em seu programa de radio, em 1952, fazendo-se acompanhar apenas por cordas e deu ao clássico uma interpretação definitiva.

GUACIRA (Heckel Tavares – Joracy Camargo)
Foi o famoso ator e cantor Raul Roulien quem criou a canção Guacira, música de Heckel Tavares, letra de Joracy Camargo, em disco Victor lançado em março de 1933. Silvio Caldas recria a composição, fazendo-se acompanhar por grande orquestra regida pelo maestro Milton Calazans.

FEITIO DE ORAÇÃO (Vadico – Noel Rosa)
A face A do disco Odeon 11.402 estrelado por Francisco Alves e Castro Barbosa, e lançado em agosto de 1933 apresentava este samba dos mais belos até então já ouvidos. Feitio de Oração logo se torna um clássico do nosso populário. Silvio Caldas, neste fonograma realizado em 1952 é acompanhado por Carioca e sua orquestra, maestro que sabe jogar, como poucos, com os naipes.

A VOZ DO VIOLÃO (Francisco Alves – Horácio Campos)
A canção A voz do violão, de Francisco Alves, versos de Horácio Campos, ficou ligada indissoluvelmente ao seu autor. Chico gravou-a quatro vezes e costumava encerrar, com ela, seus recitais. Acompanhado por orquestra regida pelo maestro Radamés Gnattali e um arranjo deste – que, entre outras belezas, usa magistralmente dois fagotes em uníssono – Silvio Caldas mostra que, em 1951, também era Rei da Voz.

Ary Vasconcelos (junho/1986)

FICHA TÉCNICA
Produção Fonográfica: Collector’s Editora Ltda.
Produção Artística: Ricardo Manzo
Produção Executiva: Collector’s Editora Ltda.
Arquivo Fonográfico: Collector’s Editora Ltda.
Reprocessamento, equalização e montagem: Wilson Medeiros
Estúdio: Transamérica (Rio de Janeiro)
Corte e prensagem: PolyGram do Brasil Ltda.
Capa e encarte: Sérgio Henriques