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Características principais

Nome do álbum
Os ídolos do Rádio 13
Companhia produtora
Collector's Editora Ltda.
Formato
Físico
Tipo de álbum
Vinil
Incluí faixas adicionais
Não
Ano de lançamento
1988

Outras características

  • Quantidade de canções: 12

  • Origem: Brasil

Descrição

OS ÍDOLOS DO RÁDIO VOL. XIII - ARACY DE ALMEIDA

Já dizia Noel Rosa em entrevista a A Pátria de 04 de janeiro de 1936: ”Aracy de Almeida é, na minha opinião, a pessoa que interpreta com exatidão o que produzo”. Se não é uma pá de cal nas discussões que sempre travaram os fãs de Marília Batista e Aracy sobre qual delas terá sido a melhor intérprete de Noel, a declaração pelo menos deixa claro o que o poeta da Vila pensava da moça do Encantado: uma cantora sob medida para seus sambas. E era mesmo. Noel Rosa, tão rigoroso e restritivo quanto a cantoras (detestava Carmen Miranda, jamais deu alguma coisa para Elisinha Coelho gravar, nem mesmo com Araci Cortes parecia se empolgar muito), sintonizou-se logo com aquela voz anasalada e triste da jovem que com tanta emoção lançara o seu Riso de Criança. Noel foi dos primeiros a perceber que Aracy era intérprete rara. Mais que rara, única. Não teve precursoras nem teria sucessoras. Jamais imitou e jamais conseguiram imitá-la. Uma intuitiva, de ouvido duro e memória musical fraca (limitações diante das quais Noel muitas vezes perdeu a paciência) tão logo aprendia e dominava uma canção, tornava-a definitivamente sua: Noel sabia disso, daí recuperar sempre a paciência perdida. Cantora rara cujo traço mais marcante, além da voz naturalmente triste, pungente às vezes, é a sinceridade: impossível não acreditar em cada palavra, cada nota do que ela canta. Vozes mais bonitas houve muitas. Cantoras tecnicamente mais apuradas, também. Intérpretes mais ecléticas, algumas. Mas Aracy, o samba em pessoa, ainda assim é única. Graças a ela – aos dois álbuns que gravou para a Continental em 1950 e 1951 – redescobrimos Noel após longo esquecimento. As doze faixas deste disco não deixam de fazer parte da redescoberta. Foi a partir do sucesso do primeiro álbum que Almirante produziu para a Rádio Tupi, de 06 de abril a 31 de agosto de 1951, a série de programas No Tempo de Noel Rosa, em que revisitava a vida e a obra do amigo e parceiro. Nesta série – cuja íntegra a Collector’s pôs ao alcance do público em onze fitas cassete – Aracy é Noel como Noel gostava. O poeta da Vila Isabel sempre soube o que disse.

O X DO PROBLEMA (Noel Rosa)
Apresentado no primeiro programa da série No tempo de Noel Rosa. Embora Aracy o tenha lançado em disco em 1936 – e sempre dissesse ter sido feito para ela – sua primeira intérprete foi, na verdade, Emma D’Avila, que o cantou no quadro de abertura da revista Rio Follies. Obra prima do samba carioca, tem melodia e letra perfeitas. Noel, espírito suburbano que era, filosofa nos versos finais: “Palmeira do mangue não vive na areia de Copacabana...”

NO BAILE DA FLOR DE LIS (Noel Rosa)
O samba ainda estava inédito em disco quando Aracy o cantou no programa do dia 13 de abril, o segundo da série No tempo de Noel Rosa (Ela só o gravaria mais de dez anos depois). Há muita graça na linha melódica e mais ainda na letra, um humor meio chegado ao non sense como Noel, lamartinescamente, cometia de vez em quando. Excelente arranjo de Carioca, aliás, o responsável por todos deste disco. O violão à Noel é de Hélio Rosa, que sempre se orgulhou – não sem razão – de tocar tão bem ou melhor que o irmão.

QUANDO O SAMBA ACABOU (Noel Rosa)
Do terceiro programa, 20 de abril de 1951, é este fonograma. Como os dois sambas anteriores, irretocável crônica de Noel sobre sua cidade, seus personagens, seus dramas (o tema de dois homens versejando em disputa da mulher amada já fora abordado pelo próprio Noel, três anos antes, na canção sertaneja Marmade de Cabocla, até hoje inédita em disco, mas cantada pelo motorista Alegria no programa No tempo de Noel Rosa do dia 20.07.51). Lançado por Mário Reis em antológica gravação – e depois disso incluído no repertório de vários outros cantores, entre eles Silvio Caldas, Marília Batista, Ataulfo Alves e Roberto Paiva – o samba nunca seria registrado em disco por Aracy. Oportunidade única, portanto, para se ouvir a história contada por ela.

MEU BARRACÃO (Noel Rosa)
Outro samba gravado originalmente por Mário Reis (com irresistível acompanhamento de piano pelo grande Nonô). Cantado por Aracy no mesmo programa de 20 de abril, conquistou logo os jovens ouvidos que não o conheciam. Na poesia de Noel, mais uma vez suburbana, um modesto barracão da Penha ganha vida: “...eu desconfio que ele foi me procurar”. Aracy só gravaria este samba em 1955.

VOLTASTE (Noel Rosa)
Mais uma vez o Noel cronista, aqui mostrando o quanto a força do malandro vale pouco diante dos encantos da mulher e do ambiente do subúrbio. Um samba admirável que ainda estava inédito quando Aracy o cantou no programa No tempo de Noel Rosa do dia 27 de abril de 1951, o refrão “Voltaste novamente sem dinheiro...” fica por conta apenas da orquestra, Aracy se limitando a cantar os dois coros. Mas ela gravaria o samba inteiro quatro anos depois, com arranjo de Vadico.

JOÃO NINGUÉM (Noel Rosa)
A obra de Noel é repleta de tipos deslocados, meio Lumpen, meio anti-sociais (ou pelo menos não de todo enquadrado na sociedade burguesa que o próprio Noel sempre olhou à distância). Desses tipos “João Ninguém” é uma espécie de síntese. Um dos sambas favoritos de Aracy, que o gravou pelo menos duas vezes, foi por ela incluído no programa do dia 06 de maio de 1951. Ouça-se com atenção o que se quis dizer antes com “voz naturalmente triste”. Ninguém é tão sinceramente pungente quanto Aracy “sentindo” e cantando versos de Noel.

FEITIO DE ORAÇÃO (Noel Rosa e Vadico)
Primeira de muitas obras-primas da dupla Noel e Vadico, não há muito que acrescentar a este samba, clássico em todos os sentidos. A gravação original é de Francisco Alves e Castro Barbosa, mas poucos o interpretam tão bem quanto Aracy no programa No tempo de Noel Rosa do dia 12 de maio de 1951 com arranjo de Carioca, diferente e tão bom quanto o de Radamés Gnattali para a gravação que Aracy fizera na Continental naquele mesmo ano.

MAIS UM SAMBA POPULAR (Noel Rosa e Vadico)
Também de Noel e Vadico, ainda não havia chegado ao disco quando apresentado no programa do dia 19 de maio (curiosamente, seu verdadeiro lançador foi Grande Othelo, numa de suas primeiras revistas com a companhia de Jardel Bôscoli). Ouvindo-se, porém, esta interpretação de Aracy, não se pode deixar de lamentar que ela jamais o tenha gravado antes. Quem o fez primeiro, em 1954, foi a desconhecida Ana Cristina, que desconhecida continuou.

VITÓRIA (Noel Rosa e Romualdo Peixoto “Nonô”)
Já é bastante conhecida a história deste samba, feito por Noel e Nonô para fustigar Chico Alves que não lhe perdoava a irresponsabilidade profissional e o temperamento boêmio. Aracy o cantou no programa do dia 26 de maio de 1951 e o gravaria dez anos depois, mas quem o lançou em disco – com segunda voz do próprio Chico Alves – foi Silvio Caldas.

VOCÊ É UM COLOSSO (Noel Rosa)
Também conhecido como Pisou no meu calo, este samba permaneceu inédito por longo tempo. Embora o tivesse interpretado no programa No tempo de Noel Rosa do dia 29 de junho de 1951, Aracy só o gravaria comercialmente em fins dos anos 60 num compacto hoje convertido em raridade. Isso depois de ninguém menos que Rosinha de Valença tê-lo incluído em seus shows e num disco hoje também raro. A letra de Noel é, como tantas, pura gozação.

CANSEI DE PEDIR (Noel Rosa)
Melodia bonita e letra – mais do que parece – originalíssima. Noel queixa-se da mulher amada não por não amá-lo, mas por amá-lo sem que ele a ame. Coisa complicada, de consciência pesada que o poeta de vez em quando tinha para com uma ou outra namoradinha mais de fé. Aracy gravou o samba originalmente em 1935, reviveu-o no programa de 13 de julho de 51 e voltaria a gravá-lo em 1955. Não é preciso dizer que ela o adorava. De resto, ninguém o interpretava tão bem.

RISO DE CRIANÇA (Noel Rosa)
Noel conheceu Aracy dois anos depois de ter feito este samba. Foi o primeiro que deu para ela gravar. A moça para quem Noel escreveu estes versos vive hoje em Cabo Frio e jamais gostou de ouvir Aracy dizer que a inspiradora tinha sido ela, Aracy: “Não me consta que ela algum dia tenha tido riso de criança...” Musas à parte, na gravação original como nesta versão do programa No tempo de Noel Rosa de 3 de agosto de 1951, duas rendições separadas no tempo em mais de 15 anos, a intérprete rara, única, está presente. Triste e sincera como Noel gostava.

João Máximo (setembro/1988)

FICHA TÉCNICA
Produção Fonográfica: Collector’s Editora Ltda.
Produção Artística: Ricardo Manzo
Produção Executiva: Collector’s Editora Ltda.
Arquivo Fonográfico: Collector’s Editora Ltda.
Reprocessamento e equalização: Jackson Paulino
Montagem: Sérgio Rocha
Estúdio: Master Studios Ltda.
Corte e prensagem: Discos CBS Indústria e Comércio Ltda.
Layout e Arte final: Sérgio Henriques